Cris Cirne
Designer de mídias interativas
(uma designer que cria — e protege — marcas desde 2002)
Uma das dúvidas mais comuns no processo de construção de identidade visual é aquela que indaga por que não se pode utilizar a mesma fonte do logotipo também nos textos, cartões e materiais da marca. “Mas ela é tão bonita”, perguntam os desavisados.
A resposta é simples, mas carrega um dos princípios mais importantes do branding: valorização. O logo é o símbolo máximo de reconhecimento de uma empresa.
Logo é o ponto inicial da identidade. Muito mais do que um CNPJ, é o elemento que concentra a força da personalidade, propósito e posicionamento da marca. Por isso, a tipografia usada nele deve ser tratada como exclusividade. Quando se repete a mesma fonte em textos de apoio, slogans, papelaria ou publicações, esse caráter único se perde. O que deveria ser distintivo vira frequente, e o logo deixa de se destacar, se enfraquece.
Em branding, exclusividade gera valor.
Usar a fonte do logo em outros contextos é como deixar a assinatura da marca se diluir no meio da frase. O olho humano deixa de perceber o logo (a marca) como algo especial, e a memória visual do público se enfraquece.
É por isso que todo sistema de identidade visual profissional define tipografias institucionais de apoio, fontes que dialogam com o logo, mas não o imitam. Elas mantêm coerência, ritmo e harmonia, sem competir pela atenção.
É esse equilíbrio entre o singular (o logo) e o funcional (os textos) que faz uma marca parecer madura, segura e profissional. Costumo entregar aos meus clientes o Manual da Marca completo dos projetos, justamente para o guia de orientação.
Criar uma marca é mais do que escolher uma fonte bonita. É entender como cada elemento comunica valor. E como preservar esse valor ao longo do tempo.
Quando uma marca respeita a exclusividade de sua tipografia principal, ela diz ao público, mesmo sem palavras: “isso é meu, isso me representa.”
É assim que se constrói identidade.
E é assim que uma marca se torna inesquecível.

