Entrevista com José Tocchetto, fundador da Tocchi Empresarial

Entrevista a Manoel Fernandes Neto

José Tocchetto de Oliveira, consultor e fundador da Tocchi Empresarial, é o novo entrevistado do canal “Vozes e Contextos”. Nesta conversa, ele fala sobre o Selo ANIMASEG de Sustentabilidade, iniciativa que ajudou a implementar no setor de equipamentos de segurança do trabalho.

“O selo representa o grau de maturidade em sustentabilidade que cada associado avaliado conquistou em relação aos critérios de medição ESG mais utilizados no mercado nacional e internacional. Conforme a pontuação alcançada, respondendo as 83 questões ambientais, sociais e de governança que compõem a plataforma, é definida a classificação diamante, ouro, prata ou bronze disponíveis.”, explica Tocchetto.

Na entrevista, o consultor também comenta o papel da Tocchi Empresarial na auditoria e certificação de empresas segundo a norma internacional SA8000, pela certificadora DNV Business Assurance, uma das mais conceituadas do mundo.

“Atualmente, ajudamos as empresas a se estruturarem nesses temas, preparando-as para auditorias de clientes ou certificadoras. Ensinamos sobre sustentabilidade, ESG e melhores práticas que possam ser implementadas, sempre considerando a estratégia e o contexto de cada organização”, destaca.

Com ampla experiência junto a empresas de diferentes portes e setores, Tocchetto faz paralelos inspiradores entre a gestão corporativa e a sabedoria dos povos nativos americanos. Ele também analisa como a consciência sobre sustentabilidade transforma o modo de atuar das organizações.

“ Quanto mais boas práticas a empresa realiza, melhor será seu reconhecimento e a longo prazo, sua perenidade. Maior garantia de continuidade com bons resultados e menores riscos.”

Confira a entrevista completa a seguir.

O Selo ANIMASEG de Sustentabilidade é uma iniciativa importante no setor de equipamentos de segurança do trabalho. Como surgiu essa ideia e qual foi o papel da Tocchi Empresarial nesse processo?

Estávamos realizando um diagnóstico de sustentabilidade em uma empresa cliente da Tocchi Empresarial, cujo proprietário é um entusiasta do assunto e tinha ligações próximas com a associação. Ele dizia: “temos que levar a sustentabilidade aos nossos associados”.

A partir daí, a TOCCHI começou a elaborar um programa de desenvolvimento de empresas no tema, para ser aplicado aos associados da ANIMASEG. A primeira coisa a se fazer era desenvolver uma plataforma de avaliação que permitisse escalar o diagnóstico para muitos associados. 

A Tocchi buscou uma empresa de consultoria parceira e ficou responsável pela parte técnica do questionário de diagnóstico, enquanto a GLOB Engenharia Ambiental cuidou do desenvolvimento da ferramenta informatizada. 

Entre idas e vindas, foram quase 2 anos até o programa ficar pronto, com a ferramenta testada e operante e com os contratos elaborados e assinados.

A Tocchi é a responsável técnica e a GLOB a responsável operacional do programa.

Devemos garantir a capacitação de todos envolvidos, a revisão periódica do questionário, a análise das respostas e evidências das questões, a pontuação adequada às respostas e a conclusão final sobre a classificação de cada associado nas classes diamante, ouro, prata ou bronze. 

Quais critérios principais são avaliados para que uma empresa conquiste o selo e o que ele representa na prática para o mercado?

O selo representa o grau de maturidade em sustentabilidade que cada associado avaliado conquistou em relação aos critérios de medição ESG mais utilizados no mercado nacional e internacional. Conforme a pontuação alcançada respondendo as 83 questões ambientais, sociais e de governança que compõem a plataforma, é definida a classificação diamante, ouro, prata ou bronze disponíveis. Além da pontuação total, há questões obrigatórias com nota mínima a ser atingida para receber uma classificação. Se não atingida a pontuação mínima, o certificado ao final da avaliação será somente de participação.

Ao final da avaliação a ANIMASEG entregará o certificado a cada associado conforme seu desempenho, que poderá ser exibido ao mercado, mostrando a situação atual de cada associado. A ideia é que, com o tempo, os associados cresçam na escala de maturidade, através das ferramentas e etapas disponíveis no programa. 

https://tocchiempresarial.com.br – ” A Tocchi trabalha com responsabilidade social desde 2003, quando já auditava e certificava empresas na norma internacional SA 8000, pela certificadora DNV Business Assurance, uma das mais conceituadas do mercado.”

Um segundo objetivo é que, com o aumento de associados certificados, os clientes destes reconheçam o certificado como uma demonstração confiável de que as empresas possuem gestão da sustentabilidade e, portanto, sejam vistos como aptos a fornecer seus produtos e serviços com baixo risco de prejuízo à imagem e reputação dos clientes para os temas de sustentabilidade, ou seja, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional, qualidade, responsabilidade social, atendimento a legislação trabalhista, compliance, segurança da informação, anticorrupção e antissuborno, entre outros.

A Tocchi Empresarial tem uma atuação forte em gestão responsável. Como o selo se conecta com essa visão e com a agenda ESG dentro das empresas brasileiras?

Todas as empresas precisam demonstrar ao mercado sua maturidade em sustentabilidade e ESG. É requisito de homologação como fornecedor responsável e para parcerias nos negócios. Nenhuma grande empresa quer associar sua marca a empresas com alto risco de gerar danos ambientais, sociais, nas comunidades onde atua etc. 

O selo, validado pela ANIMASEG, associação com reconhecido trabalho em prol das empresas associadas, no país e no exterior, garante ao mercado o valor agregado aos produtos e serviços de seus associados, por serem produzidos por empresas responsáveis e sustentáveis.

A Tocchi trabalha com responsabilidade social desde 2003, quando já auditava e certificava empresas na norma internacional SA 8000, pela certificadora DNV Business Assurance, uma das mais conceituadas do mercado.

Atualmente, ajudamos as empresas a se estruturarem nestes temas, preparando-as para serem auditadas por seus clientes ou empresas de auditorias visando certificação. Nós preparamos os clientes para as auditorias, ensinando sobre sustentabilidade, ESG e melhores práticas que possam ser implementadas, sempre considerando a estratégia de cada organização. 

Quais os maiores desafios que as empresas enfrentam hoje para incorporar práticas reais de sustentabilidade, e não apenas discursos?

Ótima pergunta. Todas as empresas já possuem práticas de sustentabilidade. A sustentabilidade não foi criada agora. É fruto de um movimento que surgiu há muito tempo com outros nomes, rótulos, métodos. Grandes empreendedores que criaram as atuais grandes empresas nacionais já tinham, na sua maioria, um espírito de valorização do trabalho, do ser humano, do respeito pelas pessoas, comunidades, pela terra, pela água. 

” Os nativos norte-americanos, no seu chamado código de conduta, diziam que a terra não era nossa e que deveria ser respeitada, cuidada, como as águas, a natureza como um todo.” Imagem reprodução Wikipedia

Os nativos norte-americanos, no seu chamado código de conduta, diziam que a terra não era nossa e que deveria ser respeitada, cuidada, como as águas, a natureza como um todo.

Cuidar das pessoas, pagar salários justos, em dia, cuidar da saúde das pessoas, cumprir a lei, buscar produtos de qualidade, necessários ao desenvolvimento das cidades e da população, sempre foram objetivos dos empreendedores. Nas cidades do interior, talvez isto seja mais visível. Grandes organizações nascidas do suor e perseverança de indivíduos que se tornaram gigantes, nomes de respeito, como se dizia antigamente. 

Hoje em dia os princípios e valores destes homens ainda estão com seus sucessores, nas empresas, no mercado, mas também convivemos com grandes desvios de conduta, posturas frias de exploração dos trabalhadores, ganhos a qualquer custo, maquiagens organizacionais para parecer sustentável e enganar os públicos de interesse.

Neste momento, as empresas têm que mostrar do que são feitas com suas ações, pois pelos discursos não dá mais para distinguir. As organizações têm que fazer, mostrar que fizeram e se submeter a auditorias para comprovar que realmente fizeram. Só a comunicação já não é mais suficiente. 

Então, os maiores desafios são:

  • Entender se o que já fazem é considerado sustentabilidade ou não;
  • Descrever e organizar as boas práticas já existentes em um sistema de gestão;
  • Avaliar o quanto a estratégia atual já está alinhada com a sustentabilidade;
  • Redefinir, se necessário, a nova estratégia;
  • Elaborar um grande plano de ação para manter o que já possui e alcançar, dentro das suas condições e ambições, o que pode ser melhorado;

Além do selo ANIMASEG, o que muda internamente nas organizações que passam por esse processo de adequação?

Como sempre comento quando uma empresa busca uma metodologia consagrada de gestão para “organizar a casa” ou atingir um objetivo estratégico, o maior ganho é percorrer o caminho questionando e repensando todos os processos, valores, práticas “que sempre foram feitas assim”, políticas e procedimentos utilizados. Sempre que se avalia um processo aparecem melhorias. Sempre. 

Quando se pensa o quanto a organização é sustentável, ao questionar os temas da sustentabilidade, o porquê de as coisas serem como são, o que podemos fazer melhor, os resultados atuais e o potencial de melhoria de tudo, surgem grandes oportunidades para todos os públicos de interesse (partes interessadas ou stakeholders). 

Ao se estudar um determinado tema que está na moda, para implementar boas práticas na empresa, questionamos se estamos sendo realmente sustentáveis, se estamos respeitando todos os pontos de vista, verificamos os riscos associados a uma ou outra decisão e principalmente, conheceremos os impactos de nossas decisões e atividades junto as partes interessadas. Ao conhecer os impactos, positivos ou negativos, não poderemos mais não atuar para melhorar seja o que for.

As empresas não perdem sua produtividade, seu faturamento, suas margens, mas começam a ver as coisas de uma forma diferente, mais humana e sustentável, podendo rever alguns conceitos no seu posicionamento com o passar do tempo.

Quanto mais boas práticas a empresa realiza, melhor será seu reconhecimento e a longo prazo, sua perenidade. Maior garantia de continuidade com bons resultados, menores riscos, melhores resultados.

O selo tende a se expandir para outros segmentos? Quais são as próximas etapas do projeto e o impacto que vocês esperam gerar no setor?

O selo é da ANIMASEG, para seus associados evoluírem em sustentabilidade. Claro que o programa como está desenhado pode ser implementado por outros segmentos do mercado, mas neste momento o foco é aumentar a adesão dos associados da ANIMASEG ao programa. 

Quanto mais empresas aderirem ao programa, maior o reconhecimento do próprio programa “SELO ANIMASEG DE SUSTENTABILIDADE” , e maior a aceitação dos certificados conquistados pelos associados junto a seus clientes, como um reconhecimento de que a empresa passou por um processo de avaliação inicial, implementação de melhorias, reavaliação e auditoria externa independente, executadas por profissionais qualificados e utilizando uma inteligência e uma lógica das mais exigentes do mercado. O resultado é a qualificação das empresas como fornecedoras já sustentáveis, conforme os critérios de homologação aplicados atualmente na gestão das cadeias de suprimentos e prontas a fornecer seus produtos e serviços, sem riscos à imagem e reputação de seus clientes.

Links relacionados

Tocchi Empresarial – ISO 9001, ISO 14001, SA 8000, ISO 26000, Responsabilidade Social – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Consultoria em Responsabilidade Social e Gestão de Empresas

GLOB Consultoria Conectando Negócios com Sustentabilidade

Animaseg – Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção

DNV.com.br – When trust matters – DNV

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