[Por Hernani Dimantas] precisamos entender o contemporâneo como uma suruba que se torna cada vez mais permanente.

onde há perigo cresce também o que salva. essa frase de holderlin nos revela a dualidade entre o perigo e o que salva. Como, então, evitar os perigos e permanecer com aquilo que salva? talvez a única saída seja desvencilhar-se da técnica, ou melhor de todo arcabouço técnico que trouxe a humanidade para o século 21 e buscar um outro modo de produção. não acredito que podemos seguir sendo a civilização do petróleo. apesar da grana envolvida e do capitalismo neanderthal fazer de tudo pra se manter no poder a qualquer preço, sabemos que as estruturas já se romperam e se quisermos continuar a ser humanos temos que nos reinventar. e, não será resolvido ao estilo papai e mamãe. precisamos entender o contemporâneo como uma suruba que se torna cada vez mais permanente.

entendo que pra sair dessa enrascada que estamos todos metidos, seja para enfrentar o terror, ou para lidar com o perigo inusitado há de ampliar a capacidade de se recriar. de saber aceitar o outro, sem subjugar. a promessa da tecnologia é colocar o ser humano em contato, um com o outro e todos na conversa e, dessa forma, ter a consciência de que estamos todos na barca furada, que deveriamos nos preocupar um com os outros. Isso nos tornaria mais humanos. esse deveria ser o sentido do fb e de todas as redes sociais. mas… a ingenuidade é utopica e o ser humano é merda.

nota de david dimantas: não acho que só pelo ser humano ser merda que a internet perdeu o sentido cooperativo. o capitalismo tomou conta dos meios sociais virtuais e somos induzidos à banalidade. a sociedade da distração se infiltrou por completo na internet, e a distração simplifica a vida, desmobiliza a atuação manifestante, cria uma perigosa zona de conforto, somente para dar continuidade ao sistema como um todo… mas o ser humano é merda.

Publicado originalmente:
https://hdimantas.wordpress.com/2015/11/19/o-que-salva/

Compartilhe: