Não, isso não é fácil.
Viajar é ser livre, dançar ao sol. A dança traz muito sentimento de liberdade. O corpo que move, os braços que balançam; o sentir o ritmo orgânico que acompanha o compasso da respiração.
É uma coisa meio doida. Uma viagem é simplesmente ir lá e dançar, sem coreografia, sem passos decorados; só ir lá e se mover.
Foi o que eu fiz na Isla del Sol. Viajei e dancei, sem deixar meu lado racional pensar demais, me atrapalhar. Isso mesmo: dancei.
É uma ilha sagrada para os incas e para quem tem coração que sente. Com santuários dedicados ao “Deus Sol”, é uma ilha única, repleta de belezas naturais e indígenas e sítios arqueológicos.
Foi nesse local que eu me expandi da forma como eu queria, do tamanho que eu buscava, no ritmo do vento que soprou. Assumo que a liberdade geográfica é só um pedaço da minha existência. A liberdade que eu enxergo mesmo é a de “Ser” integralmente o todo.
Liberdade de “Ser” é algo construído pouco a pouco, diariamente, em cada jornada. Nos caminhos infinitos ou mesmo na sua casa. Existe tanto dentro da gente pra explorar que afirmo sem medo de errar que somos um universo infinito.
Não faz muito tempo que eu me reconheço, muito menos que eu me conheço. É sempre recente, imediato. Sou imediata.
Descobrir o equilíbrio das nossas sombras e da nossa luz é uma constante. Descobrir quem somos também, até porque todos os dias aparecem coisas novas ao nosso redor.
Convenhamos, em um mundo onde tem tanta regra, padrões impostos, “isso ou aquilo”, “certo ou errado”. Verdades absolutas. Comparação, objeção.
“Tem que ser assim”, eles gritam.
“Eu faria dessa forma”, eles impõem.
É difícil simplesmente “Sermos”. Por isso, estou a viajar, a procurar razões.
Algo tão simples é subitamente substituído por uma luta constante, presente.
Liberdade em sentir, de perceber, de encarar, de enxergar. De entender que existe uma constante mudança. Liberdade em mudar, fazer diferente e também repetir se necessário ou não fazer absolutamente nada. Liberdade de escolher.
Liberdade em acertar, errar, transformar e tentar. A liberdade de ter voz, de ser vulnerável, de se sentir confortável (ou não), a liberdade de expor as emoções, palavras, desejos e vontades.
Ser livre para ser,
sentir,
viver
e também dançar.
E viajar.