As estampas de Andy Warhol, por Celso Lima

Warhol teve sua aventura como designer de pattern pelos meios e final dos anos 50, quando sua trajetória no cenário das artes de vanguarda já se definia.

Andy Warhol; o famoso artista da pop-art;  na verdade um dos nossos maiores críticos da sociedade de consumo, não só de produtos, mas também de pessoas e seus suspeitos eflúvios de notoriedade, que nós denominamos de “celebridades”; pois suas composições e retratos de ícones do “sucesso” não são elogios, e isso poucos perceberam à época e ainda hoje, para divertimento do artista.

Warhol teve sua aventura como designer de pattern pelos meios e final dos anos 50, quando sua trajetória no cenário das artes de vanguarda já se definia; e ele próprio já se tornava uma “celebridade”. Seus desenhos criados para tecidos e wallpaper para Dan Fuller, em 1956 e 1957, revelam um Warhol tranquilo, reminiscente de sua infância de bairro e muito romântico, de certa forma aspectos bastante ausentes de suas obras plásticas.

Além das criações para Fuller, Wahrol tb criou para o “Arts, Higher Education and Jewish Causes”, projeto de Joseph e Sylvia Slifka, uma coleção de 8 padrões, entre 1954 e 1960, produzidos pela “Balmoral Looms”, companhia têxtil de New York, são belíssimos padrões florais, temas tb de suas criações para Nat Wager, entre 1959 e 1960, incluindo suas famosas borboletas.

No inicio dos anos 60, sua ultima parceria foi com o estilista e empresário Stephen Bruce, para quem criou talvez sua mais icônica e divertida estampa: sorvetes, para a moderna marca de roupas “Serendipity”, fundada por Bruce em 1954 e que atendia boemios e famosos da contra-cultura no inicio da conturbada década.

Warhol enveredou pelos caminhos da pop-art e do cinismo e não repetiu essa experiência como designer, mas o rapport dos padronados se encontra absolutamente presente nas suas composições e intervenções a partir de registros fotográficos, nas suas obras até o final. Nas fotos Andy Warhol, seus românticos florais para a “Balmoral Looms”, meus preferidos, e a estampa “Happy Butterfly Day”, para Nat Wager.

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14291_1376493886008427_8194862006778621442_nCelso Lima, iniciou sua carreira como ilustrador para revistas (Veja, IstoÉ, Placar) e jornais “O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo). Em 1991, começou pesquisa e produção de estamparias para forração em batik e tinturaria para empresas como “Arte Nativa Aplicada” e “Empório Beraldin”. A partir de 2001 inicia sua produção de murais de seda estampadas em batik e adire africano. Viajando por diversos países, pesquisou processos autóctones de estamparia da África Ocidental, Índia e Indonésia. Atua como multiplicador dessas técnicas históricas de tingimento, assim como pesquisador da história do pattern em diversos momentos e culturas.

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